Análise de macrodados relativos a ACS durante a terapia PAP | ResMed Portugal

Apneia central do sono durante a terapia CPAP: primeiras informações a partir de uma análise de macrodados

Os macrodados são uma forma promissora e inovadora de explorar questões de relevância clínica, identificar padrões e caraterísticas da doença e gerar hipóteses nos cuidados de saúde. Uma enorme quantidade de dados está agora disponível, e a crescer exponencialmente, a partir de várias fontes, incluindo dispositivos médicos telemonitorizados que estão ligados a bases de dados e fornecem informações sobre o desempenho do dispositivo e o estado do paciente. A análise desses dados pode fornecer novas informações e apoiar novas abordagens na gestão dos cuidados de saúde.

Numa análise inovadora, foram utilizados dados reais não identificados para caracterizar a Apneia Central do Sono (ACS) durante a terapia de pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) de pacientes submetidos a telemonitorização nos EUA. A análise foi capaz de identificar 3 categorias de ACS durante a terapia CPAP, todas elas com impacto negativo na conformidade com a terapia CPAP e potencializadoras do risco de cancelamento da terapia.1

Uma segunda análise realizada na mesma base de dados descobriu que a mudança de CPAP para a terapia por ASV* em pacientes com ACS persistente ou emergente pode melhorar a adesão continuada ao tratamento e, portanto, melhorar também os resultados dos pacientes.2

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Foram identificadas três categorias de ACS durante a terapia CPAP: ACS emergente, transitória e persistente

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O estudo “Trajectories of CSA during CPAP therapy” (Trajetórias da ACS durante a terapia CPAP) analisou dados não identificados de 133.000 pacientes telemonitorizados que receberam tratamento para os Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS) com dispositivos de Pressão Positiva das Vias Aéreas (PAP) da ResMed nos EUA em 2015.1 Foram descobertas novas informações sobre a história natural da ACS durante a terapia CPAP ao se utilizarem medidas recorrentes com base em dados reais de telemonitorização em vez de pequenas amostras de ACS.

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A ACS ocorreu em 3,5% dos pacientes; foram identificadas 3 categorias de ACS associadas ao tratamento1: ACS emergente (20%), transitória (55%) e persistente (25%).

Cada categoria está associada à diminuição da conformidade dos pacientes com o tratamento, e ao aumento do risco de desistência da terapia1

  • A presença da ACS foi associada à diminuição das horas de utilização de CPAP e ao aumento da probabilidade de descontinuação do tratamento, em comparação com a AOS. A probabilidade de continuar a terapia CPAP no 300º dia foi de 83% para a AOS, e 79%, 76% e 72% para a ACS transitória, persistente e emergente, respetivamente.
  • Os índices de perigo para o cancelamento da terapia, para os 3 grupos da ACS foram 1,3, 1,5, e 1,7, respetivamente.
  • Estas conclusões foram consistentes ao utilizar tanto a definição da European Respiratory Society como a definição americana da ACS persistente (IAH ≥ 5/h ou índice de apneia central (IAC) ≥ 5/h).

A mudança de CPAP para ASV em pacientes com ACS emergente ou persistente pode melhorar a adesão dos mesmos à terapia2

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Uma análise secundária mostrou que a adesão continuada dos pacientes à terapia em pacientes com ACS emergente ou persistente que mudaram de CPAP para a ASV melhorou imediatamente após a mudança. Houve uma melhoria de + 22% na adesão nos dois subgrupos de pacientes que passaram do CPAP para uma ASV de EPAP fixa (n = 127, p < 0,05) ou variável (n = 82, p < 0,01).2

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O IAH médio antes da mudança de CPAP para a ASV em pacientes com ACS emergente ou persistente foi de 17,34/hora, contrastando com 4,1/hora após a mudança.

Os dados sugerem que, se a ACS persistir após 2 semanas, o paciente se poderá encaixar no screening de ACS emergente ou persistente e poderá tirar partido de uma mudança para a ASV.*

O estudo foi conduzido por um comité internacional externo de especialistas em sono e respiração: Jean-Louis Pépin (França), Holger Woehrle (Alemanha), Atul Malhotra (EUA), e Peter Cistulli (Austrália).

Estudo de macrodados - Vídeos de especialistas

Veja especialistas a falarem sobre estudos de macrodados

 

Análise de macrodados: principais conclusões

Holger Woerhle, MD, explica as principais conclusões de uma análise de macrodados sobre a ACS durante a terapia CPAP.

 

Trajetórias de ACS emergente durante a terapia CPAP

O professor Jean-Louis Pépin explica as conclusões da análise de macrodados “Trajectories of Emergent Central Sleep Apnoea during CPAP therapy” (Trajetórias da apneia central do sono emergente durante a terapia CPAP).

 

Macrodados: a próxima fronteira da medicina respiratória e do sono?

Ramon Farré, PhD, partilha diversas perspetivas sobre os macrodados: definição, novos conceitos e ferramentas analíticos, proteção da privacidade do paciente, perspetiva regulamentar e riscos.

Implicações para a prática clínica

Identificar a ACS residual com o ResScan

Os dados estatísticos do ResScan fornecem o IAH, o IA, o IAC, o Índice de Hipopneia (IH) e o Índice de Dessaturação de Oxigénio (IDO) (se utilizado com um oxímetro), o que permite identificar a ACS residual e a respiração de Cheyne-Stokes (RCS) durante a terapia CPAP.

1. Inicie sessão no ResScan
2. Aceda ao registo do paciente
3. Ir para “Definições”
4. Verifique se o paciente está na terapia CPAP/APAP ao observar o modo de terapia

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5. Aceda a “Estatísticas”
6. Selecione as últimas duas semanas
7. Analise o IAH e o IA para confirmar se: IAH ≥ 15/h, IA > 5/h ou IAC > 5/h

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Identificar a ACS residual com o AirView™

O painel sem fios codificado por cores do AirView permite identificar facilmente a utilização e o IAH residual. Faculta uma descrição geral da utilização, IAH e fuga nos últimos 10 dias. O guia de ícones do AirView está disponível aqui.

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1. Inicie sessão no AirView

2. Aceda ao separador de pacientes e clique na seleção sem fios para aceder ao painel sem fios

3. Analise os pacientes quanto à sua terapia de CPAP/APAP

4. Observe os pacientes com estes ícones

5. Clique no quadrado indicando um IAH demasiado elevado para ver dados detalhados

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  1. Observe o IAH para ver se IAH ≥ 15/h
  2. Clique no paciente
  3. Ir para “Criar relatório” e selecionar “Relatório de conformidade e terapia”
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9. Analise o relatório e procure IAC para ver se IAC > 5/h

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Referências
*A terapia por ASV é contraindicada em pacientes com insuficiência cardíaca sintomática e crónica (NYHA 2-4) com fração de ejeção do ventrículo esquerdo reduzida (FEVE ≤ 45%) e apneia central do sono predominante moderada a grave.

  1. Liu et al. Trajectories of Emergent Central Sleep Apnea During CPAP therapy. Chest. 2017;152(4):751-60.
  2. Pépin et al. Adherence to Positive Airway Therapy After Switching From CPAP to ASV: A Big Data Analysis. J Clin Sleep Med. 2018 Jan 15;14(1):57-63. doi: 10.5664/jcsm.6880.